sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PRANTO URBANO




Excitações das ruas corridas
Pessoas cruas velejando por um mar de concreto
Desafiam meu refrão de amar.
Gritos desatentos buscam atenção do ópio
Agregado nas entranhas mórbidas dos transeuntes.
O cheiro do enxofre expelido pelas descargas urbanas
Só me faz quer-te mais!
Meu coração bate ao ritmo das marretas colossais
Que derrubam inúteis construções,
Que guardavam inúteis segredos e recordações.
Minha massa cefálica se desfaz a cada apito da sirene
Escandalosa e sincera que anuncia a dor silenciosa
E busca vencer o tempo em razão do medo!
Flores de nuvens torpes me circundam a cabeça
E a visão tridimensional me permite te ver
Em meio a emaranhado de vidros leitosos, foscos...
Comprimido entre a multidão e o vazio
Trago um trago de oxigênio, raro e caro.
Assento minha alma num painel de luzes azuis
E exponho meu desejo a ti, que de lugar nenhum
Me sufoca e me reprime... me consume e me ama... me define. 

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