quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Dezembros


Nunca mais a natureza da manhã     
E a beleza no artifício da cidade 
Num edifício sem janela   
Desenhei os olhos dela     
Entre vestígios de bala  
E a luz da televisão 
  
Os meus olhos têm a fome Do horizonte   
Sua face é um espelho Sem promessa  
Por dezembros atravesso  
Oceanos e desertos    
Vendo a morte assim tão perto  
Minha vida em suas mãos 
  
O trem se vai 
Na noite sem estrelas  
E o dia vem 
Nem eu nem trem nem ela 

                                          ( Zeca Baleiro )

Merecida homenagem a uma das mais belas poesias 
que já vi nos últimos tempos.